REMINISCÊNCIAS DO CENTRO DE
FORTALEZA
Todas as
cidades passam por um processo dinâmico
de crescimento. O fator principal da aceleração
da urbanização
é o
desenvolvimento da economia. A visibilidade maior da expansão urbana acontece nas novas ocupações do solo com o
surgimento de loteamentos e na renovação
urbana quando edifícios
são demolidos
e substituídos
por outros. Em Fortaleza essa realidade é
notória,
até porque a
nossa sociedade culturalmente não
valoriza a memória da cidade. "Meu Deus, quantos
edifícios de
valor histórico
já foram
demolidos!".
Mais
sintomático
ainda são as
transformações
no centro da cidade onde há
muitas demolições
e reformas de edificações
para a adaptação
de novos usos com mudança
constante da paisagem. Estas transformações
não acontecem
somente no ambiente físico,
mas também nas
atividades comerciais. A globalização
chegou avassaladora e provocou a instalação
de empresas de fora, substituindo as genuinamente locais. No entanto, há exceções de algumas casas
comerciais que heroicamente resistem a esse processo e hoje lutam pela sua permanência na área
central da cidade.
Um bom
exemplo é o
"Palácio
das Canetas", fundado em 1966, situado na rua Barão do Rio Branco, quase esquina com a
rua Guilherme Rocha. Lá
estive por diversas vezes para comprar carregos de canetas e placas/troféus. A loja me
chamou a atenção
pela conservação
da sua antiga cenografia e pela oferta de produtos atualmente pouco consumidos.
Não esquecendo
a boa acolhida da funcionária
Ilma Moura, que lá trabalha
desde 1984 e do proprietário, o sr. Lauro
Luiz da Rocha, de 89 anos, com o qual bati um "bom papo".
Sr.
Lauro chegou de Pernambuco em 1949. Inicialmente se instalou na praça do Ferreira no
frequentado, na época,
"Abrigo Central". Em 1965, ele comprou ao incorporador, José Alcy Siqueira, o
atual prédio,
onde trabalha até hoje.
Diga-se de passagem, resistindo heroicamente às altas ofertas de compra.
Ele
falou das dificuldades porque passa, hoje, o seu negócio com uma redução de 80 % nas
vendas das canetas devido serem elas atualmente descartáveis, como também, pela concorrência desleal dos produtos chineses
ofertados a baixos preços.
Apesar
de tudo, sente-se feliz por contar com a participação dos dois filhos e dois netos
na resistência
da sua atividade comercial.
"0
mais importante é a
saúde que Deus
me dá e a
minha vontade de trabalhar!", afirmou sorrindo o sr. Lauro.
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