26 de agosto de 2007

Minhas fotos de família e amigos




Na faculdade a formação técnica e o despertar da ideologia

A história de minha escolaridade. Aprendi minhas primeiras letras na escolinha pública municipal que funcionava na nossa casa. A professora era minha irmã. Depois minha mãe nos matriculou, eu e meu irmão Marcus, na escola particular da professora Bela Linda. Todos os dias nós descíamos a serra a pé rumo à rua Antonio Botelho, no centro da cidade, onde localizava-se a escola. Complementamos o curso primário - hoje denominado fundamental do primeiro grau - no Instituto Anchieta que era dirigido pelo honrado padre Pinto.

Neste tempo, tornava-se necessário fazer o chamado exame de admissão para se ter acesso ao curso ginasial – que hoje corresponderia à complementação do curso fundamental do primeiro grau. Foi no último ano do ginasial que eu e Marcus tomamos direções diferentes.


Professor Neudson Braga
Professor Neudson Braga
Eu fui estudar em Fortaleza, amparado por uma bolsa de estudos, o quarto ano ginasial no Colégio Agapito dos Santos que tinha a orientação do grande educador Lauro de Oliveira Lima. A princípio morei no apartamento da minha irmã Stela Maria, casada com o cunhado Estênio. Depois vivenciei a casa de minha irmã Irinéa, casada com João Bezerra. Sou muito grato aos casais irmãos que me acolheram tão bem em seus lares.O ensino médio eu realizei na Escola Técnica Federal do Ceará, hoje CEFET, terminando o Curso de Edificações. Foi quando descobri minha vocação pela carreira de arquitetura e urbanismo. Tive uma grande influência do íntegro professor Neudson Braga que lecionava a cadeira de desenho arquitetônico.


Com o ídolo Oscar Niemeyer<br />
Com o ídolo Oscar Niemeyer
Antes, porém, de fazer o vestibular para o Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFC passei, juntamente com mais quatro colegas, nove meses como técnico de edificações, trabalhando na construção da hidroelétrica da Boa Esperança localizada próximo ao município de Floriano na fronteira Piauí / Maranhão.

Meu propósito maior era fazer o curso de arquitetura e urbanismo, foi então, que voltei a Maranguape e ingressei na universidade. Paralelamente aos estudos universitários, lecionei no Colégio Estadual Anchieta de Maranguape quando obtiveminha primeira renda.


Tio Anário Carvalho
Tio Anário Carvalho
A faculdade foi a grande responsável pela minha formação ideológica. Foi lá, onde os estudos de sociologia, filosofia e história aprimoraram meus conceitos ideológicos para a consolidação de uma consciência eco-socialista. Neste tempo o cenário político do país era a ditadura militar. Minha revolta era tamanha pela falta de liberdade de expressão, pelo desrespeito aos direitos humanos e pela repressão aos movimentos estudantis e operários. Muito me chocaram as torturas da época, exemplificada bem próximo da minha família pelo sofrimento do meu querido tio comunista Anário Carvalho.

A vida política

Com Dr. Alfredo Marques

Minha atuação na vida política começou nos anos oitenta quando, convidado pelo grande homem público, Dr. Alfredo Marques, ingressei no PMDB. Ainda hoje sou muito grato ao Dr. Alfredo por acreditar na minha pessoa e pela confiança em mim depositada. Minha primeira participação em eleições públicas aconteceu como candidato a prefeito de Maranguape, a qual se repetiu por mais uma vez, sem obtermos o sucesso desejado. Mais tarde fui eleito vereador da Câmara Municipal de Maranguape.

Com o companheiro Fernando Gabeira
Meus principais projetos transformados em lei foram: a criação da Área de Proteção Ambiental - APA da serra de Maranguape e o tombamento do patrimônio histórico- arquitetônico do município de Maranguape.

Mais tarde fui eleito vice- prefeito de Maranguape, pelo PSB, na chapa encabeçada pelo Dr. Raimundo Nonato que, com sua renúncia aos nove meses de gestão, me deu a oportunidade de governar Maranguape em um primeiro mandato. Em 1999 ingressei no Partido Verde quando em Maranguape recebemos o companheiro Fernando Gabeira que abonou a minha ficha de filiação. Depois concorri à reeleição de prefeito, sendo eleito com quase 70% dos votos dos maranguapenses.

Serra de Maranguape - Ceará
Exercendo o mandato de prefeito de Maranguape tive a oportunidade de fazer na Amana Key, São Paulo, dois cursos: o APG - Programa de Gestão Avançada, em 2001 e o APGEX - Programa de Gestão da Execução, em 2003.

Ainda em 2001, tive o privilégio de, em Zaragoza (Espanha) fazer o IV Curso Superior de Direción Pública Local para Gestores Iberoamericanos com a participação de agentes de gestão de vários países da América do Sul.

Participei dos três Fóruns Sociais Mundiais que aconteceram em Porto Alegre quando vivenciei de perto as expressões diversas das várias culturas planetárias, aumentando o meu convencimento de que um mundo melhor é possível.

Duas viagens internacionais me marcaram muito: a primeira, a convite da Secretaria de Turismo do Estado do Ceará através da secretária Anya Ribeiro, conheci Portugal. Foi uma viagem maravilhosa. Além de Lisboa, viajamos ao norte de Portugal conhecendo, além de outras, a histórica cidade do Porto focando experiências do turismo rural. A outra viagem foi à Alemanha, a convite da Fundação Konrad Adenauer, juntamente com vários prefeitos brasileiros. Conhecemos experiências de gestões públicas de diversos municípios. No final, juntamente com o companheiro verde Júlio César, fizemos uma esticada até o norte da Alemanha onde contatamos verdes alemães. De lá, pegamos um trem, e fomos conhecer Paris. Foram quatro dias vivenciando a cultura desta destacada cidade com suas atrações fantásticas. Em 2003, na UNIFOR, fiz o Curso de Especialização em Gestão de Cidades em cuja monografia foquei a minha experiência de gestão em Maranguape abordando as bases da Agenda 21 local.

Em 2005, realizei o terceiro curso da Amana Key: Programa de Gestão Avançada – APG Gestão Pública.

Atendendo a um apelo do Partido Verde e, por conveniências políticas da época em Maranguape, concorri à Prefeitura Municipal de Fortaleza em 2004.

Atualmente exerço o cargo de Secretário Executivo da Regional 3, convidado que fui pela prefeita Luizianne Lins.

Além da minha atividade profissional de urbanista, que muito me ampara como gestor público, tenho uma militância político-partidária no Partido Verde como presidente regional no Ceará e como integrante da executiva nacional. Em ambas as missões procuro fazê-las com determinação, equilíbrio e participação.

Hoje, cada vez mais procuro consolidar as boas amizades e ampliar meu ciclo de amigos e amigas por acreditar que o relacionamento humano é a mais pura essência da vida. É a motivação maior para viver. É a condição maior para sermos felizes. É viver por inteiro. Ter amigos é estar em suas vidas sem tirá-los a liberdade.

Este blog tem o propósito de consolidar e buscar amizades.

25 de agosto de 2007

O amor e os filhos


Virginia e eu
Filhos: Leonardo, Ana Carolina e Marcela
Em 1980 nasceu minha primeira filha: Ana Carolina Mota da Silva, um amor de pessoa.

No início da década de oitenta encontrei a companheira e amada maranguapense Virgínia Adélia Rodrigues Carvalho com quem compartilho vida e sonhos. Ela é neta do meu saudoso e espirituoso cunhado Renato Motta.

Descobrir a Virgínia me levou a uma certeza: o que mais almejamos não está muito longe do nosso alcance, pelo contrário, está muito próximo, basta que tenhamos a capacidade de enxergar.

Tivemos dois maravilhosos filhos: Leonardo Rodrigues Carvalho e Marcela Rodrigues Carvalho.

Paquera e futebol

As primeiras paqueras se davam no point da cidade: a praça Capistrano de Abreu. Era lá onde se reunia a juventude de Maranguape, principalmente, nos finais de semana. Muitas vezes, reunidos em turmas de amigos, ficávamos na praça - sentados ou em pé - a observar as garotas que circulavam a praça, também , à busca da paquera e do namoro. O cinema, principalmente, nos finais de semana, era uma grande opção de lazer. As festas dançantes, na sua grande maioria, eram realizadas no Maranguape Clube.

No calendário anual das festas religiosas as expectativas maiores se davam para os novenários dos padroeiros da cidade: São Sebastião no mês de janeiro e Nossa Senhora da Penha no mês de setembro. Mais tarde, lá para os anos setenta, liderei um grupo de companheiros e fundamos a primeira boite da cidade que se localizava na praça Capistrano de Abreu. Realmente, na época, foi uma atitude ousada onde enfrentamos, por parte das pessoas mais conservadoras, muitas resistências. Porém, não desanimamos e fomos em frente.

A boite chamava-se Toca do Serrá, mais carinhosamente Toca. Por muito tempo a boite foi um grande sucesso de entretenimento em Maranguape, sendo responsável, inclusive, pela consolidação de vários casamentos.

A válvula de escape


Turma do Curso do Ibama (CEMUAM)
Turma do Curso do Ibama (CEMUAM)
Participei de muitos debates de combate ao regime autoritário. Tenho na memória as imagens de um grande encontro que se realizou no auditório da faculdade de direito da UFC, com a presença do corajoso senador Teotônio Vilela. Na ocasião foi lançado o movimento “anistia ampla, geral e irrestrita”. Ainda hoje guardo com carinho o livro lançado pelo senador e por ele autografado.

A válvula de escape da minha geração eram as manifestações artísticas, principalmente, a música e o teatro. Os beatles, Elis Regina e Chico Buarque eram minhas maiores preferências. Assisti três shows da Elis: o Falso Brilhante em São Paulo, Transversal do Tempo em Porto Alegre e Trem Azul em Fortaleza.

Concluído o curso de arquitetura e urbanismo ingressei na Prefeitura Municipal de Fortaleza onde trabalho até hoje. Como servidor público realizei vários cursos de especializações com destaque para o Curso de Pós-Graduação em Metodologia e Projetos de Desenvolvimento Municipal e Urbano – CEMUAM no Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) no Rio de Janeiro criado pela grande urbanista argentina Adina Mera que, inclusive, foi minha professora na UFC. Desde então, declinei-me mais pelo urbanismo como profissão. Foi a minha primeira participação em um curso onde predominou o princípio da intersetorialidade.


Amigo Esmelin, Virgínia e Eu
Amigo Esmelin, Virgínia e Eu
A turma era formada por colegas de diversas formações profissionais vindos de vários estados do Brasil e das Américas do Sul e Central. Das fortes amizades consolidadas deste curso cito meu grande amigo hondurenho Esmelin Mendoza o qual já tive a alegria de visitá-lo por duas ocasiões. A primeira vez fui à sua terra natal quando, juntamente com ele e Virgínia, viajamos por terra de Honduras até o México passando pela Guatemala, Nicarágua e El Salvador. Foi quando testemunhei as lamentáveis desigualdades sociais destes países. A outra vez foi recentemente, quando em Denver, Estados Unidos - cidade onde Esmelin se estabeleceu como empreendedor – quando ele nos recebeu com grande afabilidade .

A parte prática do CEMUAM se realizou em Santa Catarina quando tivemos uma relação próxima com as nuances das gestões municipais. A participação neste curso muito influenciou a minha militância no movimento popular de Maranguape quando, juntamente com outros companheiros, fundamos o Movimento Maranguapense de Apoio Comunitário – MAC, e depois , a União das Entidades Comunitárias de Maranguape – UNECOM. Como arquiteto fui membro do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento do Ceará – IAB/ CE, onde exerci o cargo de vice-presidente.

Meus pais e meus irmãos

Nasci no âmbito de uma família muito católica. No entanto, com o passar do tempo, me aprofundando mais nas questões espirituais me sensibilizou muito o princípio budista do equilíbrio e da igualdade de todas as pessoas. Diferentemente da doutrina das religiões ocidentais que sustentam que um ser transcendental é o responsável pela nossa vida, o budismo prega que cada um de nós é o responsável pelo nosso próprio destino, e que temos ainda a prerrogativa para mudá-lo para melhor. É a lei de causa e efeito. A revolução humana é a grande condição para a busca de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada.

Casamento de meus pais



Meu pai chamava-se Raimundo, Raimundo da Silva Braga. Era um homem ligado profundamente à terra. Desta tirava o sustento da família sem no entanto agredi-la. Lembro-me muito bem quando ele falava da proteção dos ”guardas ventos”: concentração de árvores que eram preservadas nos sítios da serra para proteger as bananeiras e que se constituíam em verdadeiras reservas da mata. Outra marca de meu pai: condenava veementemente a matança de animais da serra. Combatia com rigor o uso da baladeira. A baladeira era uma arma/brinquedo muito usada na época pelas crianças e adolescentes.

Ela era constituída por um Y em madeira e uma liga de borracha que, após esticada, lançava uma pequena pedra em direção ao um alvo, geralmente pássaros e répteis, para matá-los. Sr. Raimundo - com certeza - vivesse hoje, seria chamado de ecologista. Ele possuía um sítio na serra onde cultivava e comercializava frutas, como: banana, laranja, abacate, café e outras. Casou-se com Sarah Carvalho da Silva, uma super mulher e mãe - cuidadoura fiel dos filhos - e uma companheira empreendedora, que com seu trabalho dedicado, produzia e vendia bolos e doces para complementar a renda familiar. Era referência na feira de Maranguape, aos domingos, a presença do tabuleiro de bolos da dona Sarah. Meus pais constituíram uma família de onze filhos.

Eu, juntamente com meu irmão gêmeo, Marcus Raimundo Carvalho da Silva, fomos os últimos a nascer. O local? Uma casa alpendrada no pé da serra de Maranguape, na localidade chamada Sítio Gavião. O parto de minha mãe, no início, foi realizado por Dona Nenen, a parteira da maioria das famílias maranguapenses. Porém, o parto complicou-se e, às pressas, foi chamado o Dr. Almir dos Santos Pinto, o médico da cidade, para salvá-la.

A lealdade de Dona Sarah foi tamanha ao Dr. Almir, que ela o escolheu, juntamente com sua esposa Dona Aracy, como meus padrinhos. Depois minha mãe tornou-se uma grande eleitora do Dr. Almir, votando sempre nele para Deputado Estadual.

Nasci no dia da padroeira de Maranguape, Nossa Senhora da Penha: oito de setembro. Uma curiosidade: numa viagem que fiz a Belo Horizonte fui à uma vidente e ela afirmou que eu nasci em um domingo - dia de Nanã e Ibují – Cosme e Damião ( Nossa Senhora de Santana ). Disse mais: que meu anjo da guarda chamava-se Ieratel e que meu guia espiritual era Xangô – São Jerônimo.

Da minha infância guardo as recordações de uma vida pacata onde as brincadeiras eram compartilhadas sempre com meu irmão Marcus. Jogar botão, brincar de cabiçulinhas ( bolas de vidro ), juntar carteiras de cigarro para jogar dado e tomar banho no rio Gavião eram as brincadeiras mais freqüentes. Na adolescência a melhor brincadeira era jogar futebol. A grande referência foi o campeonato de futebol de peladas que se realizava no campo do senhor Silva na Pirapora. Tínhamos um campeonato que era organizado por uma diretoria sempre atuante. Em uma das gestões da diretoria cheguei a ser o presidente. Meu time era o Morcego Futebol Clube. O nome era justificado devido sermos considerados “chupa sangue”. A equipe era formada, principalmente, por parentes da família e, em um dos campeonatos, chegamos a ser campeão.

Autobiografia

Fazer a biografia de alguém é contar a sua história de vida. A autobiografia é a narrativa que alguém faz da sua própria vida, contando toda a sua experiência vivencial. É falar de você próprio. É buscar no passado personagens, cenários, decisões, acontecimentos que marcaram a sua vida desde o seu nascimento. É abrir as portas do seu coração para compartilhar com outras pessoas destaques de sua vida que são lembranças e referências até hoje. A autobiografia expressa o que fomos e, como conseqüência, o que somos hoje. Desejo agora declarar um predicado que me dificultará escrever minha autobiografia: nunca gostei de falar dos outros, e muito menos, de mim próprio.

Mas o blog estabelece a necessidade da autobiografia com a finalidade de respaldar e legitimar a expressão dos sentimentos e das opiniões do seu autor que ocorrerá através de escritas e imagens a serem concretizadas posteriormente. Não posso, pois, me furtar de - pela primeira vez - registrar a minha história de vida. Certamente, cada um de nós, temos as nossas regras e o nosso juízo consolidado pela nossa formação e trajetória de vida. Esta realidade, no entanto, não pode nos levar a sempre obedecer estas regras. Pelo contrário, muitas vezes, temos que transgredi-las para que possamos enfrentar os desafios e resolver os problemas da nossa vida. Somos, também, conscientes que o ser humano passa por mudanças, evoluções e involuções. Não será fácil fazer minha autobiografia, no entanto, procurarei mergulhar na parede da memória, e com esforço extremado, extrair vivências, acontecimentos e referências da minha existência.

Sempre fui uma pessoa de mais escutar do que falar. O meu olhar sempre foi o de enxergar profundamente o aqui e agora, sem no entanto deixar de enxergar o amanhã. Defendo os valores da ética, da democracia, da qualidade ambiental e da justiça social como condições “sine qua non” para uma sociedade – por inteiro – feliz. Parto do princípio de que todas as pessoas tem seus defeitos e valores. Procuro focar o meu olhar naquilo que elas tem de qualidade e que nos aproxima, ao invés de olhar seus defeitos e diferenças que nos distanciam.

Como entretenimento e lazer gosto de pintar, fotografar, assistir um bom filme, ler um bom livro, ouvir música, uma boa conversa de mesa de bar e de ir ao futebol torcer pelo meu time de coração, o Fortaleza Esporte Clube.

Respeito veementemente à diversidade das raças, gêneros, religiões, sexualidades e culturas.