19 de novembro de 2012












SALVEMOS A ALMA DE MARANGUAPE!


Senhores Prefeitos (atual e futuro), Vereadores(atuais e futuros), Deputados, Cidadãos e Cidadãs maranguapenses

Hoje, Maranguape comemora 161 anos de emancipação política. Também, muito breve teremos mudanças na gestão e no legislativo local. É tempo de todos nós fazermos uma reflexão sobre o Maranguape de hoje e qual o futuro que nos aguarda. Quais nossos problemas e necessidades? Quais nossos desafios? Qual o Maranguape que queremos? O que induzirá a qualidade de vida da nossa gente?

São questões difíceis de ser respondidas. Maranguape hoje passa por momentos muito complexos e preocupantes. Sua localização como município da Região Metropolitana de Fortaleza consolida a influência negativa da urbanização acelerada da capital destruindo como um tsunami a nossa identidade, a nossa alma. São os “de fora” que com seu capital passam a ocupar e dá as regras na vida do nosso município/cidade destruindo nossa cultura e nossa memória. Caetano Veloso sintetiza esta situação muito bem na canção: “da força da grana que ergue e destrói coisas belas”.

Todo município/cidade tem seus aspectos físicos naturais que qualificam o local.  Deus deu a Maranguape a nossa serra que qualifica e emoldura a cidade. Ela é o nosso grande ícone ambiental, e, portanto, deve ser tratada como um tesouro ecológico. O patrimônio natural é fundamental para a qualidade de vida das nossas cidades, como também, fonte educadora para que a atuais e futuras gerações aprendam, através dos elementos básicos da natureza, a interagir de forma inteligente e sustentável com os recursos naturais o sentimento do amor e da vida.

Mas, até com mais importância, também, todo município/cidade possui uma identidade criada pelas diversas gerações que aqui já passaram: é a nossa cultura, a nossa alma. Já dizia Chirico, grande pintor grego: “A cidade e a arquitetura exprimem a psicologia e a emotividade dos indivíduos e das coletividades, já que nelas se difundem a transbordante habilidade criativa do homem”.

São valores patrimoniais construídos por várias gerações de Maranguape, nos diversos ciclos econômicos, como o da cana de açúcar, o do café e o do algodão. Foram ações de empreendedores maranguapenses que edificaram casarões, engenhos e fazendas. Verdadeiras obras de arte, que valorizam e qualificam a nossa paisagem urbana e rural. Infelizmente muitas dessas referências significativas do nosso patrimônio histórico já não existem mais. Mas, muitas relíquias patrimoniais ainda sobrevivem e devem ser salvas e protegidas.

Como, por exemplo, as antigas edificações do “Engenho dos Vianas” que numa boa negociação com os proprietários envolvendo a aprovação de um futuro loteamento poderá ser transformado em área verde ou institucional. Outro edifício, a antiga “Estação Ferroviária”, belo patrimônio resquício da estrada de ferro Maranguape – Fortaleza poderá ser restaurado através do diálogo com a equipe do Metrofor.

Maranguape é privilegiado por ter filhos de destaque na história nacional. Basta citarmos apenas dois grandes ícones: Capistrano de Abreu, um dos maiores historiadores do Brasil e Chico Anísio, maior humorista brasileiro. É imperativo e justo o poder público homenageá-los com a implantação de museus ou memoriais que se transformariam em grandes atrativos para o turismo cultural.

A própria iniciativa privada reconhece a importância que tem os equipamentos culturais e de lazer na economia municipal e implantou o Museu da Cachaça, hoje uma grande atração turística. Jamais podemos deixar de valorizar e preservar os legados deixados por instituições tradicionais que fizeram tanto bem a nossa sociedade como: a Escola Santa Rita (com o anexo da bucólica Capela que abrigou por muito tempo a fé da nossa gente), o Colégio Anchieta, a Sociedade São Vicente de Paula, a Sociedade Artística (esta já restaurada), o Abrigo dos Pobres, a Escola São José (Edite Nunes), o Maranguape Clube, o Cascatinha Clube de Serra, o Centro Operário, a Banda de Música Municipal, a Academia de Letras de Columijuba e muitas outras.

Nossas igrejas são bons exemplos histórico-arquitetônicos a serem preservadas para não perder as suas características originais. Um excelente exemplo foi dado pela Assembleia de Deus que construiu uma nova sede, mas conservou o imóvel histórico.
Temos que ampliar nossa visão. Ver que o mundo atualmente passa por grandes mudanças econômicas. O processo de desindustrialização é uma realidade. As cidades estão sendo reinventadas consolidando-se a economia criativa que busca na cultura e na produção do conhecimento um novo tipo de progresso. Maranguape tem todo o potencial para se inserir nesta nova economia buscando um desenvolvimento sustentável.

Também nossas manifestações culturais tem que ser preservadas e incentivadas, como as festas religiosas nos mais diversos recantos do município, a potencialidade das comemorações da Semana da Pátria já tão incorporada no seio da nossa sociedade, as festas juninas com o festival de quadrilhas, o Festival do Humor já no calendário turístico nacional, o carnaval e o réveillon.

Outra ação fundamental para a sustentabilidade da alma de Maranguape é o incentivo à produção das artes. “A arte desbloqueia nossa mente e nos coloca a viajar e a caminhar num mundo de imaginação, em busca do belo e do concreto, nos colocando em estado puro de espírito para que a vida nos torne esclarecedora, clara e objetiva, no campo da verdade e da certeza” (Veveu de Ouro Preto).

Maranguape é rico de valores artísticos na literatura, nas artes plásticas, na dança, no teatro, na fotografia, no cinema, etc. Faz-se necessário a implantação de mais equipamentos públicos culturais, como: bibliotecas, pinacotecas, museus, casas de cultura e escolas de artes. Assim, nossa juventude terá oportunidades prazerosas para fugir da marginalidade e das drogas, um grande mal da contemporaneidade.  
O “Museu da Cidade” deve aumentar o seu acervo e transformar-se em um instrumento para o conhecimento da história e da memória do município. Ele deve incluir na sua linha de ação a produção de livros, fotografias e vídeos que resgatem a vida maranguapense  em todos os aspectos e épocas com o uso de imagens e entrevistas.

Outro fator determinante na busca da proteção da alma de Maranguape é a mudança de consciência da sociedade que somente se concretizará através de uma carga gigantesca de educação ambiental e patrimonial nas nossas escolas. A bandeira pela preservação da alma de Maranguape tem que ser erguida por todas as forças vivas da sociedade. Os interesses coletivos por um município/cidade de identidade preservada e saudável devem se sobrepor aos interesses específicos e particulares. Faz-se necessário, neste momento, que as lideranças políticas esqueçam suas diferenças e se unam em prol do salvamento da qualidade de vida da família maranguapense preservando a alma da nossa terra.