Nasci no âmbito de uma família muito católica. No entanto, com o passar do tempo, me aprofundando mais nas questões espirituais me sensibilizou muito o princípio budista do equilíbrio e da igualdade de todas as pessoas. Diferentemente da doutrina das religiões ocidentais que sustentam que um ser transcendental é o responsável pela nossa vida, o budismo prega que cada um de nós é o responsável pelo nosso próprio destino, e que temos ainda a prerrogativa para mudá-lo para melhor. É a lei de causa e efeito. A revolução humana é a grande condição para a busca de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada.
Casamento de meus pais
Meu pai chamava-se Raimundo, Raimundo da Silva Braga. Era um homem ligado profundamente à terra. Desta tirava o sustento da família sem no entanto agredi-la. Lembro-me muito bem quando ele falava da proteção dos ”guardas ventos”: concentração de árvores que eram preservadas nos sítios da serra para proteger as bananeiras e que se constituíam em verdadeiras reservas da mata. Outra marca de meu pai: condenava veementemente a matança de animais da serra. Combatia com rigor o uso da baladeira. A baladeira era uma arma/brinquedo muito usada na época pelas crianças e adolescentes.
Ela era constituída por um Y em madeira e uma liga de borracha que, após esticada, lançava uma pequena pedra em direção ao um alvo, geralmente pássaros e répteis, para matá-los. Sr. Raimundo - com certeza - vivesse hoje, seria chamado de ecologista. Ele possuía um sítio na serra onde cultivava e comercializava frutas, como: banana, laranja, abacate, café e outras. Casou-se com Sarah Carvalho da Silva, uma super mulher e mãe - cuidadoura fiel dos filhos - e uma companheira empreendedora, que com seu trabalho dedicado, produzia e vendia bolos e doces para complementar a renda familiar. Era referência na feira de Maranguape, aos domingos, a presença do tabuleiro de bolos da dona Sarah. Meus pais constituíram uma família de onze filhos.
Eu, juntamente com meu irmão gêmeo, Marcus Raimundo Carvalho da Silva, fomos os últimos a nascer. O local? Uma casa alpendrada no pé da serra de Maranguape, na localidade chamada Sítio Gavião. O parto de minha mãe, no início, foi realizado por Dona Nenen, a parteira da maioria das famílias maranguapenses. Porém, o parto complicou-se e, às pressas, foi chamado o Dr. Almir dos Santos Pinto, o médico da cidade, para salvá-la.
A lealdade de Dona Sarah foi tamanha ao Dr. Almir, que ela o escolheu, juntamente com sua esposa Dona Aracy, como meus padrinhos. Depois minha mãe tornou-se uma grande eleitora do Dr. Almir, votando sempre nele para Deputado Estadual.
Nasci no dia da padroeira de Maranguape, Nossa Senhora da Penha: oito de setembro. Uma curiosidade: numa viagem que fiz a Belo Horizonte fui à uma vidente e ela afirmou que eu nasci em um domingo - dia de Nanã e Ibují – Cosme e Damião ( Nossa Senhora de Santana ). Disse mais: que meu anjo da guarda chamava-se Ieratel e que meu guia espiritual era Xangô – São Jerônimo.
Da minha infância guardo as recordações de uma vida pacata onde as brincadeiras eram compartilhadas sempre com meu irmão Marcus. Jogar botão, brincar de cabiçulinhas ( bolas de vidro ), juntar carteiras de cigarro para jogar dado e tomar banho no rio Gavião eram as brincadeiras mais freqüentes. Na adolescência a melhor brincadeira era jogar futebol. A grande referência foi o campeonato de futebol de peladas que se realizava no campo do senhor Silva na Pirapora. Tínhamos um campeonato que era organizado por uma diretoria sempre atuante. Em uma das gestões da diretoria cheguei a ser o presidente. Meu time era o Morcego Futebol Clube. O nome era justificado devido sermos considerados “chupa sangue”. A equipe era formada, principalmente, por parentes da família e, em um dos campeonatos, chegamos a ser campeão.
Um comentário:
vc já tentou pesquisar a genealogia dos silva de maranguape e por que há tantos lá?
Eu , por exemplo sou neta de:
João Antônio da Silva, maranguape 1918.
-Bisneta de:
Maria Romana Conceição da Silva
Manuel... da Silva
- Trisneta de:
Isabel....
Era uma família que trabalhava sobre a guarita de um Coroné Dimas , se bem me lembro , com muitos filhos, o meu bisavô era capataz na fazenda deste senhor.
Estive em Maranguape e não consegui encontar nada , mesmo no museu fiquei sem infórmação nenhuma.
Hj vivo em Portugal mas tenho muita vontade de reencontrar a família!
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