SALVEMOS A ALMA DE
MARANGUAPE!
Senhores
Prefeitos (atual e futuro), Vereadores(atuais e futuros), Deputados, Cidadãos e
Cidadãs maranguapenses
Hoje, Maranguape comemora 161 anos de emancipação política. Também,
muito breve teremos mudanças na gestão e no legislativo local. É tempo de todos
nós fazermos uma reflexão sobre o Maranguape de hoje e qual o futuro que nos
aguarda. Quais nossos problemas e necessidades? Quais nossos desafios? Qual o Maranguape
que queremos? O que induzirá a qualidade de vida da nossa gente?
São questões difíceis de ser respondidas. Maranguape hoje
passa por momentos muito complexos e preocupantes. Sua localização como
município da Região Metropolitana de Fortaleza consolida a influência negativa da
urbanização acelerada da capital destruindo como um tsunami a nossa identidade,
a nossa alma. São os “de fora” que com seu capital passam a ocupar e dá as
regras na vida do nosso município/cidade destruindo nossa cultura e nossa
memória. Caetano Veloso sintetiza esta situação muito bem na canção: “da força
da grana que ergue e destrói coisas belas”.
Todo município/cidade tem seus aspectos físicos naturais que
qualificam o local. Deus deu a
Maranguape a nossa serra que qualifica e emoldura a cidade. Ela é o nosso
grande ícone ambiental, e, portanto, deve ser tratada como um tesouro ecológico.
O patrimônio natural é fundamental para a qualidade de vida das nossas cidades,
como também, fonte educadora para que a atuais e futuras gerações aprendam,
através dos elementos básicos da natureza, a interagir de forma inteligente e
sustentável com os recursos naturais o sentimento do amor e da vida.
Mas, até com mais importância, também, todo município/cidade
possui uma identidade criada pelas diversas gerações que aqui já passaram: é a
nossa cultura, a nossa alma. Já dizia Chirico, grande pintor grego: “A cidade e
a arquitetura exprimem a psicologia e a emotividade dos indivíduos e das
coletividades, já que nelas se difundem a transbordante habilidade criativa do
homem”.
São valores patrimoniais construídos por várias gerações de
Maranguape, nos diversos ciclos econômicos, como o da cana de açúcar, o do café
e o do algodão. Foram ações de empreendedores maranguapenses que edificaram
casarões, engenhos e fazendas. Verdadeiras obras de arte, que valorizam e
qualificam a nossa paisagem urbana e rural. Infelizmente muitas dessas referências
significativas do nosso patrimônio histórico já não existem mais. Mas, muitas
relíquias patrimoniais ainda sobrevivem e devem ser salvas e protegidas.
Como, por exemplo, as antigas edificações do “Engenho dos Vianas”
que numa boa negociação com os proprietários envolvendo a aprovação de um
futuro loteamento poderá ser transformado em área verde ou institucional. Outro
edifício, a antiga “Estação Ferroviária”, belo patrimônio resquício da estrada
de ferro Maranguape – Fortaleza poderá ser restaurado através do diálogo com a
equipe do Metrofor.
Maranguape é privilegiado por ter filhos de destaque na
história nacional. Basta citarmos apenas dois grandes ícones: Capistrano de
Abreu, um dos maiores historiadores do Brasil e Chico Anísio, maior humorista
brasileiro. É imperativo e justo o poder público homenageá-los com a
implantação de museus ou memoriais que se transformariam em grandes atrativos
para o turismo cultural.
A própria iniciativa privada reconhece a importância que tem
os equipamentos culturais e de lazer na economia municipal e implantou o Museu
da Cachaça, hoje uma grande atração turística. Jamais podemos deixar de
valorizar e preservar os legados deixados por instituições tradicionais que
fizeram tanto bem a nossa sociedade como: a Escola Santa Rita (com o anexo da
bucólica Capela que abrigou por muito tempo a fé da nossa gente), o Colégio
Anchieta, a Sociedade São Vicente de Paula, a Sociedade Artística (esta já
restaurada), o Abrigo dos Pobres, a Escola São José (Edite Nunes), o Maranguape
Clube, o Cascatinha Clube de Serra, o Centro Operário, a Banda de Música
Municipal, a Academia de Letras de Columijuba e muitas outras.
Nossas igrejas são bons exemplos histórico-arquitetônicos a
serem preservadas para não perder as suas características originais. Um
excelente exemplo foi dado pela Assembleia de Deus que construiu uma nova sede,
mas conservou o imóvel histórico.
Temos que ampliar nossa visão. Ver que o mundo atualmente
passa por grandes mudanças econômicas. O processo de desindustrialização é uma
realidade. As cidades estão sendo reinventadas consolidando-se a economia
criativa que busca na cultura e na produção do conhecimento um novo tipo de
progresso. Maranguape tem todo o potencial para se inserir nesta nova economia
buscando um desenvolvimento sustentável.
Também nossas manifestações culturais tem que ser preservadas
e incentivadas, como as festas religiosas nos mais diversos recantos do
município, a potencialidade das comemorações da Semana da Pátria já tão
incorporada no seio da nossa sociedade, as festas juninas com o festival de
quadrilhas, o Festival do Humor já no calendário turístico nacional, o carnaval
e o réveillon.
Outra ação fundamental para a sustentabilidade da alma de
Maranguape é o incentivo à produção das artes. “A arte desbloqueia nossa mente
e nos coloca a viajar e a caminhar num mundo de imaginação, em busca do belo e
do concreto, nos colocando em estado puro de espírito para que a vida nos torne
esclarecedora, clara e objetiva, no campo da verdade e da certeza” (Veveu de
Ouro Preto).
Maranguape é rico de valores artísticos na literatura, nas
artes plásticas, na dança, no teatro, na fotografia, no cinema, etc. Faz-se
necessário a implantação de mais equipamentos públicos culturais, como:
bibliotecas, pinacotecas, museus, casas de cultura e escolas de artes. Assim, nossa
juventude terá oportunidades prazerosas para fugir da marginalidade e das
drogas, um grande mal da contemporaneidade.
O “Museu da Cidade” deve aumentar o seu acervo e transformar-se
em um instrumento para o conhecimento da história e da memória do município. Ele
deve incluir na sua linha de ação a produção de livros, fotografias e vídeos
que resgatem a vida maranguapense em
todos os aspectos e épocas com o uso de imagens e entrevistas.
Outro fator
determinante na busca da proteção da alma de Maranguape é a mudança de
consciência da sociedade que somente se concretizará através de uma carga
gigantesca de educação ambiental e patrimonial nas nossas escolas. A bandeira
pela preservação da alma de Maranguape tem que ser erguida por todas as forças
vivas da sociedade. Os interesses coletivos por um município/cidade de
identidade preservada e saudável devem se sobrepor aos interesses específicos e
particulares. Faz-se necessário, neste momento, que as lideranças políticas
esqueçam suas diferenças e se unam em prol do salvamento da qualidade de vida
da família maranguapense preservando a alma da nossa terra.