Sr. Chico, na realidade Francisco Queiroz Barreira, 71 anos, é mais uma daqueles cidadãos que deixou o interior para vir morar na capital de todos os cearenses. Em Quixadá, ele era um trabalhador rural. Aqui chegou na década de 1950. Veio porque precisava dá uma maior oportunidade de estudos a seus 7 filhos.
Recebí-o, em meu gabinete, juntamente com o colega arquiteto Prata (Chefe do Distrito de Meio Ambiente) e sua neta Vanessa. A questão: o sr. Chico ocupou o terreno de uma das alças do viaduto da Av. Miser Hull com a criação de "duas vaquinhas" como afirmou carinhosamente:
"Doutor as vacas, o leite, e até o estrume, são sagrados". Escutei, pacientemente as suas justificativas. Ele apelou para que a Secretaria Regional deixasse suas vacas no terreno. Pois ele era de paz, não gostava de desavenças. Como leiteiro, sustentava toda a família, com uma renda de dois sálários mínimos. Eu ponderei que a nossa responsalidade era de fiscalizar as áreas livres da cidade, que elas não podem ser ocupadas por ninguém. São áreas públicas. No entanto, o sr . Chico não convenceu-se. Continuou insestindo para ficar com "sua vacaria" lá no terreno. Finalmente, fizemos um pacto: alargamos o prazo para a retirada das vacas para que o sr. Chico podesse encontrar um outro terreno para colocá-las.
Este é mais um episódio do cotidiano de Fortaleza. É a realidade do confronto entre as regras do urbanismo e a cultura dos moradores da cidade. Nosso desafio: a partir de ter esta consciência, ter estratégias factíveis de ação.